#Artigo: O bullying do ovo de páscoa


Recentemente uma polêmica tomou conta da internet. O PROCON do Rio de Janeiro proibiu a circulação de um ovo de páscoa da marca BIS por "incentivar o bullying" ao sugerir apelidos para os amigos das crianças como "nerd" ou "nervosinho".

O bullying é uma questão séria, mas que tem sido "gasta" pela sociedade. Lembre-se que nós já temos uma geração em que as crianças não são mais bagunceiras e sim "hiperativas" ou portadoras do TDAH, que é um termo que define um transtorno psicológico sério, mas que foi banalizado. Isso acontece por conta dessa busca por rótulos que venham abduzir a responsabilidade do sujeito por seus atos, tanto nas crianças quanto nos adultos. E a generalização do "bullying" as vezes me soa como um rótulo "institucional" criado para desculpar a perda de controle que enfrentam os pais, as instituições e a sociedade.

E na busca por um culpado [que não sejamos nós mesmos, é claro] acabamos criando "vilões" imaginários para botar em prática as sábias palavras do Homer Simpson que diz: "a culpa é minha e eu boto em quem eu quiser". Afinal de contas é mais fácil dizer que "esta criança é hiperativa" do que dizer "esta criança é mal criada", ou então "o bullying é um problema social" ao invés de "a relação entre as crianças é um problema a ser resolvido pela escola e pelas famílias".

Culpam-se os filmes, culpa-se a TV, os videogames e até mesmo a internet, e nessa ânsia por apontar dedos agora se culpa um ovo de páscoa, por que não?

De fato, tanto as instituições quanto os pais têm um desafio para enfrentar: a perda da autoridade. Afinal de contas a sociedade está mudando assim como os seus valores... Ou será que eles estariam sendo transferidos?

Ritos de passagem de tempo fazem parte da civilização desde o seu surgimento e eles são interessantes para marcar as épocas do ano e também para criar raízes culturais nas gerações futuras.  Antes o valor desses ritos estava intrínseco na sociedade, e não era necessário um apelo de marketing e financeiro para marcá-los. Afinal de contas, mesmo com pouco ou nenhum chocolate as crianças de "antigamente" sabiam que a páscoa estava chegando, pois tais tradições tinham valor histórico e psicológico.

Mas parece que, nessa sociedade alienígena que está surgindo, o único valor agregado as tradições serão aqueles R$89,90 pagos em algumas gramas de chocolate industrializado.

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