Resenha: Interstellar
É sempre difícil falar de filmes de ficção científica. Principalmente quando se trata de um filme tão complexo quanto este. Mas vamos aqui tentar resenhar esta obra que deve ser assistida por todo aquele que se considera fã desse gênero narrativo, apesar dos grandes defeitos que ela possui.
Eu tenho dado prioridade a textos mais didáticos no blog que tenham uma linguagem mais voltada para o público geral, afinal de contas isso gera audiência. Mas como se trata de um filme de ficção científica HARD eu vou ter que ser bem focado no público que curte.
Preciso declarar também que 2001: Uma Odisseia no Espaço pra mim é o melhor filme de ficção científica já feito, por quê? Pelo simples motivo dele apresentar ideias fantásticas e não perder tempo tentando explicá-las demais.
Por que isso é essencial na ficção cientifica? Por que quando você cria ou consome uma narrativa desse gênero, você está fazendo um exercício que é, praticamente, sobre-humano: tentar imaginar o futuro ou uma realidade igualmente intangível.
Por mais que você tente, seria praticamente impossível explicar a um camponês da idade média o que é e como funciona um smartphone, logo quando tenta explicar ao invés de apresentar esse universo e deixar o espectador absorvê-lo da forma que ele conseguir, você está perdendo tempo.
Outro fato é que é impossível não comparar Interestellar a 2001: uma odisseia no espaço, já que Nolan faz os fãs da obra de Kubrick se lembrarem o tempo todo dela ao usar referências visuais, de diálogo e até mesmo na trilha sonora. Repararam naquele acorde de "órgão" que pontua algumas cenas? É identico ao fim da obra de Strauss "Assim Falava Zaratustra" que é praticamente o tema do filme 2001.
Adiante o vídeo para 1:39
Outras referências como o computador-robô que ajuda a tripulação que, em certos momentos lembra um monólito, e até mesmo a nave que em alguns aspectos se parece com a estação espacial de 2001 obriga todo aquele que conhece o filme do Kubrick a fazer comparações.
A esquerda a estação espacial de 2001, a direita a nave de Interstellar. Pra você, parece?
Até mesmo o tão elogiado "plot" familiar parece ter saído de 2001. No clássico de Kubrick, vemos um dos protagonistas falar, via vídeo, com sua filha na terra que está fazendo aniversário. Aliás, ele está longe dela porque está "em uma missão que pode mudar o rumo da humanidade".
Lembrando que "2001: Uma odisseia no espaço" também é sobre uma "força maior" além do nosso entendimento que parece moldar o futuro da humanidade.
No entanto, o lado "humano" do filme de Nolan é infinitamente mais denso e mais trabalhado do que 2001, e o roteiro é muito melhor amarrado, apesar de certos deus ex machina da trama.
Repare no plano de fundo da imagem, repare no diálogo entre pai e filha.
Porém a impressão que fica é que Nolan, apesar de fazer um excelente trabalho no filme, exceto pelo terceiro ato da obra que entrega um final "feliz" quase hollywoodiano que completa e explica (mal mas explica) toda a trama, tenta homenagear e se inspirar num filme completamente artístico e autoral que é o caso de 2001, mas ao mesmo tempo não tem os colhões de deixar o "grande público" sem respostas, por piores que elas sejam, ou um fim que encerre a "jornada do herói", ao mesmo tempo que não tem um final aberto de forma expressiva o suficiente a ponto de agradar os fãs de ficção científica hardcore.
O fato é que, da mesma forma que Dark Knight Rises, interestelar é um espetáculo que prepara o expectador para um terceiro ato que deixa muito a desejar.
O que parece é que, depois de Inception, alguém anda arbitrando sobre os fins das obras de Nolan para que o grande público não saia confuso ou decepcionado por não entender a mensagem. Mas a essência de tudo ainda está lá em apenas uma sequência de diálogos que, fazendo um pouco de força, me faz continuar crer em Nolan:
-- Dizem que quando você está morrendo a última coisa que você vê é a sua família.
CURTIU?
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CURTIU?
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O público quer papinha na boca, quer blockbuster, dai um gênio faz um obra incrível, com uma mensagem fodastica, claro que a mensagem é complexa, mas pensar um pouco faz bem. Melhor que esses filmes por ai que não passam nada
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