A fé e a lei
Captura de tela do filme Dez Mandamentos (1956) onde vemos Moisés. |
RESUMO: Neste artigo usamos a psicanálise para explicar como a religião é uma tecnologia social de controle do comportamento, e como ela afeta a política mesmo em tempos atuais.
Não deveria ser surpresa para aqueles que acompanham o cenário político que, cada vez mais, figuras religiosas se ergam das massas clamando o direito de governar. Afinal de contas, a religião como já comentei neste artigo, já foi a autenticadora da lei, quando não a criadora da mesma.
Figuras religiosas como o próprio Moisés e os dez mandamentos são a prova de que,
por muitos Séculos a religião era o cerne político e legal de muitas civilizações, além de ser até hoje a protetora cultural da moral.
É importante observar também que o surgimento de uma moral confunde-se com o surgimento das religiões e por consequência da lei simbólica que atravessa a psique dos sujeitos e molda a sociedade. Por isso, não é de hoje que os religiosos tentam se aproximar do poder de castrar a sociedade.
A grande pergunta que traz a estranheza de ver um religioso avançar na carreira política é "será que o sistema simbólico religioso é adequado para mundo em que vivemos?".
No que se refere a uma representatividade, se existe na sociedade uma parcela da população que vive sob esta forma de cultura, eles também têm, dentro de um princípio democrático, direito a representatividade.
No entanto deve-se questionar se o governo gerido por um religioso irá representar classes definidas da sociedade ou agir, como reza a cartilha democrática, em prol do bem maior, o que engloba a todos e não só os religiosos.
A questão se torna ainda mais polêmica quando nos aproximamos de uma esfera delicada da política: o poder legislativo.
Pode um representante de uma cultura tão específica quanto a religiosa criar interditos sobre toda a população?
No mundo moderno e inclusivo em que vivemos não deveria haver espaço para a imposição de culturas, portanto ficam estes questionamentos que deveriam ser feitos por eleitores e por que não, por governantes.
De uma coerência extrema. Esse artigo diz muito. A religião é culpada pelas nossas vergonhas e medos. Impõe-se diante nós por nossa mais ingênua culpa. Temos medo da liberdade que nos é de direito e vergonha da nossa mais pura essência. Religião e poder estão ligados e, pela ignorância se perpetuam. Religiosos no poder são de um perigo sutil, mas profundo e largo, velado e dissimulado. Tenho muito medo de religiosos de qualquer vertente no poder.
ResponderExcluirPrimeiramente agradeço pelo comentário elogioso. Porém, não queremos pintar aqui a religião como a causa do mal ou da ignorância na sociedade. Aliás, muito do que temos hoje por "sociedade" foi fundado graças a religião que é, pois, uma ferramenta e como tal, assim como um martelo pode ser usada para matar um homem ou construir uma casa. Existem religiosos com caráter duvidoso, isto é fato. E também devemos questionar a presença deles na política. Mas daí a atribuir toda a vilania que existe a este mecanismo simbólico é errôneo.
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