Por que não conseguimos nos empolgar com as IAs
A gente vive numa época que é tão complicada que fica difícil até mesmo de celebrar os avanços das áreas com que a gente se empolga. A Inteligência Artificial Generativa é uma delas.
Penso que boa parte da culpa da gente não conseguir a aproveitar o avanço da tecnologia é a forma como a sociedade vem se organizando. No Captalismo Tardio eu tenho a impressão de que a sociedade se organiza em torno do lucro obsceno, não da produção de uma tecnologia de qualidade. Por isso, se você não estiver sempre lançando o próximo produto revolucionário, você não está lançando nada.
A questão é que a realidade sempre se impõe e, apesar dos avanços tecnológicos absurdamente rápidos dos últimos anos, parece que ela começa a bater a porta nos mostrando que, talvez, a próxima grande "descoberta" dentro da tecnologia não vai ser algo tão absurdo e, se for, talvez demore mais do que o intervalo de um ano que é a agenda das grandes empresas de tecnologia atualmente, que criaram essa filosofia de que todo ano a gente vai inventar alguma coisa que vai mudar o mundo como foi no caso da energia elétrica, dos computadores e, mais recentemente, dos smartphones, estes últimos que parecem ter solidificado essa idéia de avanço anual irrevogável.
Mas, obviamente, talvez a gente não tenha essa capacidade toda. Sim, evoluímos muito nos últimos 30 anos e digo que evoluímos de uma forma nunca pensada antes. O salto tecnológico que estamos tendo o privilégio de presenciar em nosso tempo de vida é uma coisa completamente absurda se observarmos a história. No entanto, nossa ganância talvez esteja nos fazendo desejar para além até mesmo o absurdo e isso ofusca descobertas que deveriam estar sendo celebradas e levadas em consideração, mas também com atenção e cuidado, mas ainda assim deveriam ser celebradas ou, minimamente observadas com epolgação.
Porém, para mater esse ilusão de um progresso constante e irrefreável parece que os desenvolvedores de tecnologia passaram a criar expectativas maiores do que suas capacidades de entregar. Parece que, por mais positiva e empolgante que a realidade do presente seja, ela não é o suficiente.
Inteligências artificiais generativas são sim algo empolgante, mas as promessas feitas em torno delas parecem não condizer com a realidade. Portanto ao invés de estarmos utilizando e nos familiarizando com as ferramentas que já existem e dando atenção a temáticas importantes como a ética de seu uso estamos todos os dias sendo bombardeados por notícias e discutindo seu potencial, mas esse pontencial muitas vezes é apenas marketing, uma marketing caricato que não condiz com a realidade.
Recentemente, a Tesla protagonizou um fiasco após suas ações sofrerem uma queda catastrófica após o anúncio de um robô alimentado por IA que parece ser uma promessa que não é possível de se cumprir, além de ter levantado questionamentos sobre a própria veracidade das funções demonstradas durante o evento. Porém, a Tesla já tem um histórico de aprontar essas coisas, no entanto, esse ano, a gigante Apple também teve uma leve quede em suas ações após anunciar um iPhone supostamente feito para IA prometendo a implementação futura do recurso dando a entender que, apesar de ainda estar em desenvolvimento, ele ainda não existe. A Apple nunca fez o anúncio de um aparelho que não estivesse verdadeiramente pronto para consumo.
Também não faltam notícias que revelam a dificuldade que temos em multiplicar o poder de processamento dos computadores atuais, afinal, parece que já chegamos no limite físico do tamanho de um chip, bem como sua utilização necessita de, literalmente, rios de recursos já que, no caso de servidores como aqueles que sustentam as IAs, se gasta muita água e energia para mantê-los resfriados e funcionando.
Portanto, se do fim fim do Século XX até os anos 20 do Século XXI a gente presenciou uma escalada da tecnologia verntiginosa, como um gráfico que sobre em linha reta, talvez a gente precise lidar com um platô, com uma estabilização nesse desenvolvimento desenfreado. Ou então necessitamos de uma nova descoberta assombrosa, uma nova forma de energia ou de processamento computacional, senão a IA será por um bom tempo apenas essa ferramenta generativa que, apesar de ser fantástica, não vai passar muito disso que estamos vendo agora.
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