A arte como coisa outra

Capa do album dark side of the moon da banda pink floyd. É um cristal triangular contra um fundo preto, esse cristal é atravessado por um feixe de luz do lado esquerdo e do lado direito surge um arco-íris.

Recentemente eu estou obcecado por um álbum musical da década de 70 chamado "The Dark Side of The Moon" de uma banda que pouca gente deve conhecer (alerte de ironia), o Pink Floyd. A primeira música que me pegou foi "Time", que é um aviso sobre a breviedade da vida, e sobre como nossa luta as vezes é tola e cheia de distrações que nos fazem esquecer do que é importante. Time tem um ciclo de infância, adultice e a contemplação do fim na terceira idade. 

Daí percebi que ela segue na música "The Great Gig in The Sky" que tem um sample de um homem, aparentemente idoso, dizendo que não tem medo da morte, que ela é um processo natural. Só que o álbum ele fala sobre muito mais que isso, afinal toda arte é uma coisa outra e vem a música final do álbum com Eclipse que é uma outra canetada que diz que sempre tem alguma coisa que escapa, por mais que tudo esteja em sincronia, por mais que tudo esteja afinado (leia a letra!) sempre tem algo que escapa, no caso dessa música, o eclipse que pra mim representa a falta Lacaniana.

Aliás, estou fazendo uma especialização em psicanálise onde um dos professores diz em sua aula em seu francês antiquado que a psicanálise pisa em territórios que foram antes desbravados pela arte. Essa minha nova jornada pela psicanálise tem trazido muitas rimas pra minha vida fazendo com que eu pense que sim, as vezes tudo pode ter algum sentido (nunca todo) e a arte é uma forma de a gente lidar com aquilo que falta.

Eu disse lidar, não substituir, não compensar, não eliminar ou curar a falta. Isso é impossível. Mas a arte nos ajuda a falar dela, nos ajuda a contemplar essas incongruências sem sofrer tanto, sem parar o fluxo da vida, a continuar escoando. Isso porque a arte fala sobre coisas que não são exatas, coisas outras, coisas que são do outro, que talvez sejam inalcançaveis.

Aliás, duas dessas músicas inspiram cenas do meu próximo livro, A Palavra-Humana. Em breve estará disponível para leitura aqui no blog.

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