A hora de deixar um texto ir

Há várias pessoas que escrevem que descrevem o fim de um texto como um parto. Para quem publica com editora deve ser mais fácil. No fim, você manda aquele e-mail, carta ou sei lá o quê para editora com a versão do final do rascunho e está feito.

No entanto, quando você é uma pessoa autora independente,  esse momento pode se passar muitas vezes num escritório vazio e escuro, sem que você tenha pra quem enviar nada. É apenas um ponto final, uma última palavra alterada. E nada garante que você não vai voltar ali de novo.

Recentemente eu passei a escrever a mão, com canetas tinteiro ou a máquina. Já estou com duas aqui em casa, presente da minha esposa. Isso talvez ajude, no futuro, a aplacar a névoa que cobre o momento do parto para autores independentes. Mas, ainda assim, o texto vai precisar ser digitado e aquele momento do ponto final, do último envio, ainda vai se perder.

Talvez a publicação, mesmo para quem escreve com editoras, seja como aquela última brincadeira. Vi isso na internet, que um dia a gente saiu pra brincar com as crianças da rua uma última vez e nunca mais voltou, sem saber que aquele seria o último dia. 

Talvez seja esse o momento de deixar o texto ir. 

 

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